Tijolo maciço é o protagonista arquitetônico de casa em Sergipe – Casa e Jardim
Por Ana Sachs
Contrário às tradições construtivas europeias, que se demonstravam inadequadas para o quente e ensolarado nordeste brasileiro, o arquiteto pernambucano Armando de Holanda escreveu, em 1976, a obra Roteiro para Construir no Nordeste, na qual ele destaca os elementos-chave para uma arquitetura confortável e adequada ao clima da região.
Foi inspirada neste tratado que nasceu a casa de 300 m² em um condomínio em Barra dos Coqueiros, na região metropolitana de Aracaju, em Sergipe, idealizada para um casal que decidiu transformar a sua residência de férias em lar permanente.
Natureza, clima e luz nortearam tanto a disposição do imóvel no terreno quanto as soluções arquitetônicas escolhidas. “Beirais, varandas, brises e descolamentos entre volumes para evitar pontes térmicas foram as estratégias usadas a fim de garantir frescor no interior da residência”, fala o arquiteto Gustavo Fontes, sócio do escritório Coletivo de Arquitetos (@coletivodearquitetos) e responsável pelo projeto.
O lote foi escolhido para que não tivesse imóveis vizinhos que pudessem bloquear a ventilação natural. Como um dos desejos dos moradores era uma grande área externa, a casa térrea foi construída ao redor da piscina e do jardim, com a vista dos quartos voltada para a área de lazer.
A implantação no terreno visou amenizar a forte incidência do sol nordestino. Para tanto, a residência foi dividida em dois grandes volumes separados, mas conectados entre si. Um bloco principal abriga as áreas sociais, cozinha, lavabo e quatro suítes, e um segundo volume acomoda o espaço gourmet, a área de serviço e a garagem.
As áreas sociais ficaram voltadas para o sentido leste/oeste a fim de evitar os picos de insolação da manhã e da tarde, e as janelas de vidro do chão ao teto são protegidas pela vegetação do quintal.
Já os quartos recebem a luz da face norte e, para garantir frescor sem barrar os ventos, ganharam brises móveis, além de terem as paredes principais recuadas.
Na parte de materiais, o projeto de arquitetura elegeu os tijolos maciços como protagonistas. Eles aparecem em diversas aplicações, sendo utilizados na fachada, no piso ou vazados, em paredes, funcionando como elemento de sombreamento.
“A simplicidade, sempre presente no conceito deste imóvel, evoca uma casa tradicional brasileira, representada pela cobertura duas águas com telhas cerâmicas, mas com uma linguagem mais contemporânea”, aponta Gustavo.
Ao lado dos tijolos, o branco das paredes oferece praticidade e garante um desenho perene. “As decisões consideraram a economia e a fácil manutenção da casa. A residência é resolvida, basicamente, com a paleta branca e a cerâmica dos tijolos, além da madeira, que complementa a relação entre os materiais”, fala o arquiteto.
Da mesma forma que o exterior, a decoração da parte interna apresenta cores claras e elementos naturais. “A casa é elaborada de maneira estrutural simples, e os materiais usados são da região. Ela consegue dialogar de forma muito gentil com o entorno, composto de coqueiros e vegetação baixa. Sua disposição térrea e os tons neutros facilitam a integração com a paisagem”, avalia Gustavo.
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A residência de 300 m² na região metropolitana de Aracaju, Sergipe, evoca a simplicidade das construções tradicionais de tijolos cerâmicos em uma linguagem contemporânea
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